terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Pássaros


                                                                    Goya
                

                          Confundir um pássaro que se julga livre
                          com noites bruscas e canções de ódios inocentes:

                          nada mal para tua sobrevivência.

                         Mas tua sobrevivência
                         em quartos vazios, metralhados antes
                                                                             de tua chegada,
                         acreditava-se isenta de pássaros
                         e possuidora das armas dos irmãos
                         que não sabem que tu existes,
                         nem que os observas de dentro
                         de teu frio.

                         Teu sono povoado de poetas do ópio
                         atrai aves sementeiras e sem nome
                         — vindas de estrelas próximas e países distantes —
                         que morrem pelo caminho,
                         ou se perdem pelos pântanos,
                                                                durante a madrugada.

                         Surpreender um sobrevivente
                         com repentino despertar
                         é tolice que te custa caro
                         e desnuda tuas canções de infância e morte.

9 comentários:

  1. poema muito lindo!
    Denise Emmer

    ResponderExcluir
  2. Vindo dessa poeta talentosa e linda...

    Valeu a visita, Denise! Saudade da poeta.

    Beijosssss,
    Marco

    ResponderExcluir
  3. Marcão
    Teu poema remete a sonhos estranhos.
    Mas ao acordar, vem a vontade de sonhar de novo.
    Belo poema!
    PJ

    ResponderExcluir
  4. Mano, sua sensibilidade é um dos muitos atributos que habitam o ser maravilhoso e instigante que é. Sou um pássaro, meu voo é a qualquer hora do dia, acordada ou dormindo. Te amo.

    ResponderExcluir
  5. - Aí, PJ, eu sabia que você era poeta, tudo bem. Mas não tinha idéia de que você escrevia poesia:

    'Teu poema remete a sonhos estranhos
    Mas ao acordar vem a vontade
    de sonhar de novo'
    Belo poema o teu, meu amigo!

    - Verinha, menina pardal, voadora, te amo também!

    ResponderExcluir
  6. Interessante... mas não consegui compreender. Parece que existem informações que estão "omitidas" pois são possivelmente deduzíveis.
    Fala de alguém que teme o que representam os "pássaros", por isso se protege afastando-se em um quarto, acreditando estar só em seu sono? Porém seu sono atrai os pássaros, que na maioria não o alcançam, porém os que sobrevivem o surpreendem e desnudam suas "canções de infância e morte". Isso quer dizer que ele não confundiu os pássaros então?

    Por isso não entendi... mas não precisa me explicar se não quiser, pois imagino que seja de compreensão natural e se não consegui compreender foi porque não consegui me colocar no poema. Ou porque é além da minha imaginação.

    Beijos!
    Ísis krakatoa

    ResponderExcluir
  7. Isis,querida,

    Certos poetas escrevem poemas para serem compreendidos. Eu escrevo poemas para serem vividos, para serem sentidos. Neste caso, o significado do poema é o próprio poema.

    Beijosssss,
    Marco

    ResponderExcluir
  8. Não sabia que escrevia poesias. Amei os poemas. Foi uma delícia lê-los, senti-los...Obrigada!!!

    Eliete

    ResponderExcluir
  9. Obrigado, Eliete. Que bom que você gostou. Volte sempre!

    Abraço,

    Marco

    ResponderExcluir